Uma série de textos sobre a arte de interpretar objetivando enriquecer o diálogo sobre o processo de criação de atores, atrizes e diretores.
"porque não há tecnologia superior ao AtorAtriz"
Traço um projeto de caminho para os atores/atrizes totalmente alicerçado nas técnicas de Eugênio Kusnet associado às teorias e práticas de David Mamet, para que o Artista de teatro possa ver que o “tal personagem” é um limitador de horizontes.
Em alguns processos de ensaio tive oportunidade de explanar mais profundamente sobre o "vício" de se "criar"a partir do "psicologismo". Que a “criação de um personagem” nada mais é do que o afastamento do artista da sua ilimitada capacidade de jogar. Não existe tecnologia mais avançada que o AtorAtriz, ele é incontável, infindavelmente vasto, ilimitado. Se entender que precisa se livrar dessa ilusão que é a “tal” construção da personagem.
Saber o que aconteceu com meu personagem quando era criança não me interessa! Criar essa historinha não só é uma perda de energia criativa, como um empecilho para uma criação livre do psicologismo barato. Meu personagem é uma fantasia, não um documentário. Ele é Ação e ela dura pouco mais de uma hora de espetáculo.
Um ator fingindo que é uma pessoa não é um personagem simplesmente porque um personagem não é uma pessoa. Um personagem é um elemento numa obra, e a função desse elemento é AGIR em função de Objetivos que determinam uma série de ideias que cena a cena constituem uma peça teatral.
Quando os atores e as atrizes estiverem absolutamente livres do vício e da tentação de explicar a ausência de conteúdos a fim de dar-lhes alguma base psicológica-estabilizadora, estarão preparados para entrar no jogo como propósito de uma criação livre de acordos mentais inventados que só servem para ocupar o espaço e lhe tirar o foco do que é realmente importante.
Na ARTE DE AGIR mergulhamos na Ação Física, na busca pela análise da Ação Cênica no ato, o AtorAtriz não estuda a personagem, não sabe dela anteriormente, apenas recebe indicações pautadas no crescimento das improvisações e passo a passo vai criando suas cenas a partir de descobrimentos livres dos obstáculos psicológicos.
Se tornar capaz de jogar o jogo pelo jogo, que vai sendo determinado pelas palavras sem personagens onde se agarrar. Um jogo simples, porém desafiador pois é ilimitado, e para isso é preciso determinação intelectual para Análise dos objetivos. Voltaire dizia que as palavras foram feitas para esconder os sentimentos. Como dizê-las não é um propósito, é um resultado.
Conhecimentos da Arte de Agir garantem, desde que a crença seja absoluta, um resultado que nunca mais os nossos artistas do palco se desvencilharão.
Comments